segunda-feira, 16 de junho de 2014
Exortação.
Não deixai que a libertação plena vire tua eterna prisão.
Não deixai que a constante elucidação das coisas te prive de uma nova visão.
Não deixai que a luz que ilumina a escuridão de teus caminhos te cegue.
Não deixai que a afirmação contínua das singelezas da vida te negue.
Não deixai que o amor se suicide em carinhos.
Não deixai que a flor esteja indefesa arrancando-lhe os espinhos.
Não deixai que a verdade de tão elevada vista o manto da mentira.
Não deixai que a cura em excesso mais sofrimento em ti se infira.
Não deixai que a fuga cotidiana se torne a cotidiana fuga.
Não deixai que a roda que rege o mundo te deixe entregue a loucura.
Não deixai que de normal se adjetive esta falsa estrutura.
Não deixai que a satisfação da carne se arme contra a própria.
Não deixai que a alma com sabedoria adormeça em agonia opróbria.
Não deixai que as dualidades se divorciem da unidade que as eleva.
Não deixai que as disciplinas te mantenham imerso na frieza das regras.
Não deixai que a maldade necessária ao viver mate a tua essência.
Não deixai que o adulto que hoje és distancie teus pés do que um dia foi inocência.
Não deixai que o artifício do ofício se torne teu vício e também teu amparo.
Não deixai que um sorriso comum se perca em algum momento mais raro.
E que as mais belas poesias se percam em verborragia.
Não deixai que o excesso te fira e só interfira em tua evolução.
A Vida e o Universo atentam aos dispersos que por estes versos aprendam a lição.
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